Às vésperas da final do Campeonato Paulista, inúmeros torcedores inundam as redes sociais com uma queixa antiga e já frequente no Palmeiras: os preços dos ingressos.
Para a partida contra o Corinthians no próximo domingo, o ingresso mais caro, no setor Central Oeste, custará R$ 500, enquanto o mais barato, no setor Gol Norte (onde fica a Mancha Verde e demais organizadas), está sendo vendido a R$ 240 (ambos os preços sem desconto do Avanti).
Com a onda de reclamações nas redes sociais e críticas à presidente Leila Pereira, vamos fazer uma análise sobre os preços dos ingressos, e os motivos pelos quais o Palmeiras não vai — e nem deveria — reduzir estes preços.
Por quê o Palmeiras não vai diminuir os preços dos ingressos?
A primeira resposta para esta pergunta é a lei da oferta e procura. Mesmo sendo o mais caro, o setor Central Oeste é o primeiro a ser esgotado durante as pré-vendas. Na venda geral, são adicionados mais ingressos neste setor, que são rapidamente esgotados, tanto em jogos de menor quanto de maior importância. É, definitivamente, o setor com maior procura do Allianz Parque.
Se as pessoas estão disputando para ver quem vai conseguir pegar o ingresso mais caro da partida, por quê abaixar o preço dele? Essa é a prova de que o valor dos ingressos está muito bem precificado.
Além disso, estes preços são muito reduzidos para os torcedores que pagam o Avanti, programa de sócio torcedor do Palmeiras, como mostrado na tabela abaixo:

Pagando o plano Prata, que atualmente custa R$ 43.99, os ingressos para os setores Norte, Sul e todos os setores superiores, contam com 50% de desconto, enquanto o Central Leste tem um desconto de 25%. Nos planos acima (Ouro, Platina e Diamante), é possível pegar ingressos a custo zero em vários setores.
O Avanti é uma forma de fidelizar o torcedor e ter uma renda exclusiva para ser investida no futebol. É um modelo europeu que comprovadamente funciona, e rendeu R$ 70 milhões aos cofres do clube em 2024. Colocar os preços dos ingressos em um patamar menor faria com que o clube perdesse sócios torcedores, que atualmente são 185 mil pessoas — o maior programa de sócio torcedor do Brasil.
Por quê o Palmeiras não deveria diminuir os preços dos ingressos?
A renda do Avanti é 100% investida no futebol, o que significa que vai direto para salários e contratações. O mesmo vale para a bilheteria. Não vale a pena colocar preços de ingressos populares como faz o rival do Jardim Leonor. Com a perda da renda, os salários dos jogadores ficam atrasados, as contratações diminuem, fazendo com que o público nos jogos também diminua, e causando um ciclo infinito de apequenamento.
Outro ponto é que, quando os jogos não são decisivos, como os jogos com equipes menores no começo do Campeonato Paulista, os ingressos são baratos e o torcedor não comparece. Eu já tentei doar ingressos do Passaporte para várias partidas quando conhecia pessoas que não iriam comparecer, ou que eu mesma não compareceria, e ninguém quis. Os mesmos que alegam querer torcer pelo Palmeiras, só querem fazê-lo em jogos importantes, onde a partida é um clássico contra o rival. Se você vai torcer para o Palmeiras, o adversário não deveria importar.
A bilheteria tem valores muito expressivos mesmo em jogos onde os ingressos não são 100% vendidos, e abaixar os ingressos não é garantia de estádio lotado. No jogo das quartas de final contra o São Paulo, foram vendidos quase 39 mil ingressos, sobrando uma carga de 2mil ingressos. Nesta situação, abaixar os ingressos não teria feito com que estes extra 2 mil fossem vendidos, visto que muitos não compareceram devido a data e horário (segunda-feira, 21:35), o que dificultaria ir trabalhar no dia seguinte, e voltar para casa usando o metrô, cuja atividade se encerra a meia-noite.
Ainda nessa mesma partida, da renda de pouco mais de 5 milhões, R$ 1.8 milhões foram repassados ao São Paulo, representando 25% de toda a renda do clube durante todo o campeonato paulista. Com ingressos populares no Morumbis, apenas uma partida teve renda maior que isso — contra o Corinthians, com renda de R$ 2.4 milhões.
Com ingressos populares e estádio lotado, o tricolor de salários atrasados não conseguiu superar a organização financeira e novas contratações do Palmeiras. E aqui está o próximo tema a ser abordado, e a frase de minha autoria a qual todos odeiam:
Musiquinha não ganha jogo.
Muitos torcedores acreditam que, estar no estádio de pé, cantando e gritando, faz o time jogar melhor. Realidade: não faz. Se isso fosse verdade, o Palmeiras teria ganho o Mundial de Clubes de 2022, no qual eu estava presente, e só haviam torcedores do Palmeiras no estádio — a meia dúzia de gatos pingados com camisa do Chelsea era de árabes sem time para torcer.

Abaixar o preço dos ingressos para, em teoria, ter uma “torcida popular” que vai assistir o jogo de pé, gritando, xingando, causando brigas, desconforto, e atirando bebida nos demais, não vai fazer o time ganhar e nem jogar melhor. E não, isto não é “raiz”, é apenas falta de educação mesmo. E a prova disso é o sucesso dos clubes europeus, onde a torcida assiste aos jogos sentada, civilizadamente. O que ganha jogos é dinheiro, investimento, organização financeira e seriedade. O próprio Palmeiras foi campeão da Libertadores de 2020 com o estádio vazio.
E eu nem precisaria mencionar que jogadores já me disseram que ficam tão concentrados que não escutam nada. O próprio Endrick passava o jogo inteiro cantando para se concentrar, o que é visível mesmo vendo pela TV.
Aos que criticam a presidente Leila Pereira, deixo abaixo a escalação deste nosso belíssimo time de 2011, época em que os ingressos tinham preços populares, torcida raiz vendo jogo de pé, xingando e jogando amendoim e cerveja nos bancos de reservas, pois é este o time que vocês merecem.

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